quarta-feira, 21 de março de 2012

Amar faz bem ao coração

Fonte: Segs Portal Nacional

 
Pesquisa divulgada pela World Heart Federation - com sede em Genebra - revelou que o ato de amar é particularmente bom para o coração. Isso acontece porque, de acordo com os pesquisadores, o amor libera no organismo substâncias que proporcionam sensação de bem-estar, prazer e alegria. Uma atmosfera amorosa - seja ela gerada por amigos, familiares ou por um parceiro - reduz o estresse, a depressão e a ansiedade, fatores reconhecidos como riscos psicológicos para as doenças cardíacas.

Ao conversar com diversos profissionais de saúde, é unânime a opinião: quem ama e é amado vive mais e melhor. O geriatra Renato Maia é um dos defensores da tese de que a solidão é a principal inimiga da longevidade. "A pessoa que tem amigos, que compartilha alegrias e tristezas, envelhece melhor do que aquela que adota um estilo de vida adequado, mas vive só. Chegar à velhice rico e solitário revelou-se um péssimo negócio. Além de poupança e previdência privada, é fundamental investir nas relações", enfatiza o atual presidente da Associação Internacional de Gerontologia e Geriatria.

 
Especialistas renomados lembram que o afeto traz bem-estar e pode ter papel preponderante na longevidade.
 
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia – Seção DF, Dr. Daniel França, o papel do amor, ou da sua falta, na saúde das pessoas é bem conhecido. "Todo mundo sabe contar uma história de alguém que perdeu um ente querido e entrou em depressão ou foi diagnosticado com uma doença grave muitas vezes incurável. Por outro lado, há casos de pessoas que permaneceram em coma por anos, mas que receberam os cuidados de familiares, despertando de repente, como de um sono profundo", exemplifica o médico.

Na Universidade de Brasília, uma pesquisa comprovou que a recuperação de pacientes graves sofria influência das preces de pessoas desconhecidas. Também foi demonstrado que a energia eletromagnética emitida pelo coração é muito superior ao cérebro com bilhões de células em sinapses. Mais que isso, as batidas do coração influenciam, de alguma forma, os registros da atividade elétrica do cérebro. "Quando duas pessoas afetivamente ligadas estão próximas, as batidas do coração de uma interferem nos registros cerebrais da outra. Assim, é bom saber que todo ato de pensar e falar é capaz de gerar uma energia que, de alguma forma, atua sobre aqueles com os quais nos relacionamos", afirma Dr. Daniel.

De acordo com o clínico geral Gustavo Paiva, do Hospital Brasília, pessoas que estão de bem com a vida são menos propensas a infecções. Romantismo? Não. O fato é que a presença do afeto em nossas vidas colabora para a manutenção de uma atitude mental positiva, o que gera um impacto sobre o sistema imunológico e também sobre o coração. O renomado cardiologista Mario Maranhão é enfático ao lembrar que um em cada três indivíduos sofrerá de doenças cardiovasculares. "Adotar um estilo de vida adequado, com a presença de relações saudáveis, faz uma grande diferença", complementa.

Convencido de que amar vale a pena? Então vai uma dica final da médica brasiliense e terapeuta familiar Mônica Mulatinho. "Para que esse sentimento se desenvolva em nossas vidas, é necessário ter amor próprio. Os indivíduos com elevada auto-estima sentem-se mais seguros em suas relações sociais". Mas, como bem lembrou Dr. Renato Maia, não podemos falar de amor sem convocar o poeta. Então, por sugestão do geriatra, fiquemos com Vinícius de Moraes: "a maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana".

sábado, 17 de março de 2012

Mulheres: A dúvida entre ter um filho...

 Por: Silvia Malamud


...ou investir na carreira profissional

Hoje em dia é mais do que comum mulheres se encontrarem em angústia extrema por conta do evento de engravidar e ter um filho ou investir na carreira profissional. Ao que parece, fica difícil conciliar ambos, principalmente quando em carreira executiva, muito embora não seja só dentro deste espectro de carreira que a angústia pode surgir.
 Dependendo da idade, quanto mais avançada, mais os conflitos em relação ao tema se estabelecem de modo muitas vezes devastador para as mulheres. Casadas ou não, chega um tempo em que a chamada biologia humana grita alto aos ouvidos. O que fazer em relação a esses ditames é a questão.


De outro modo não tão diferente, as mais jovens também podem passar por essa modalidade de conflito. As que discutem a situação com os parceiros e mesmo as que desejam fazer produção independente, sabem que essa mudança de vida não é tão fácil e nem tão simples. Pelo fato de assumirem grandes responsabilidades no orçamento familiar e também pela abertura da inserção no mercado de trabalho, cada vez mais em condições igualitárias aos homens, a mulher da atualidade tornou-se consciente de suas múltiplas demandas. Sabe que ser mãe invoca uma qualidade de presença e de disposição insubstituíveis pelo menos no início da vida de um filho. Também tem consciência de que sua vida jamais será como antes.

Por estes motivos, somados a cruzamento de histórias individuais de cada mulher que está no impasse de ter ou não filhos, é que a demanda da busca por terapias com este tema tem aumentado significativamente. Terapias breves e focais nestes casos costumam promover excelentes resultados. Sabemos que este tipo de opção jamais poderia ser feita satisfatoriamente em meio a soluções matemáticas ou através de lógicas de raciocínios e, sim, por plena disposição elaborada interiormente e clareza emocional que somente uma boa terapia pode alavancar.

A decisão sobre desistir de ter filhos, da carreira profissional ou de seguir com ambas as opções, optando por ter filhos e seguir ao mesmo tempo com a carreira depende, como já foi abordado anteriormente, da história de vida de cada mulher em conflito.

Existe uma tendência da classe média em optar mais do que as outras por adiar o fato de ter filhos, ou conciliarem filhos e trabalho. Observa-se, porém, que no geral existe empate em todas as opções. É relevante ressaltar que, para cada escolha feita, sempre haverá ônus e bônus.

Inúmeros conflitos e angústias impensáveis podem surgir quando, por exemplo, ocorre um gravidez inesperada. A maioria busca uma boa adaptação ao susto inicial e as que mais conflitos passam, muitas vezes recebem as benesses que um bom suporte terapêutico é capaz de oferecer.

Preocupação excessiva sobre o tema ter filhos ou dar prosseguimento à carreira profissional pode ser fator preponderante para instalação de quadros de estresse e ansiedade. Sugiro que, se em algum momento, esse tipo de preocupação tomar uma dimensão importante, a ponto de influenciar negativamente a qualidade do dia-a-dia, que um profissional capacitado seja procurado, em nome de evitar que estes conflitos tornem-se a causa de sintomas emocionais maiores e de solução trabalhosa.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Amor e Sexo: Até que ponto um sustenta o outro?!

Por:  Rosana Braga  Palestrante, Jornalista, Consultora em Relacionamentos e Autora dos livros "O PODER DA GENTILEZA" e "FAÇA O AMOR VALER A PENA", entre outros.

 
Tenho notado que muitos casais reclamam da qualidade de seus relacionamentos sexuais. No entanto, creio que antes de falarmos de atração física, disposição para o ato sexual ou sensualidade, devamos observar qual é o símbolo que a relação sexual tem num relacionamento que, a princípio, está baseado no amor!

Obviamente, a convivência entre um casal pede contato físico, intimidade e, conseqüentemente, sexo. Mas a questão é: até que ponto um sobrevive sem o outro? É possível amar sem transar? É possível transar sem amar? Por quanto tempo? Quanto vale uma relação onde o sexo insiste em existir sem o amor, ou vice-versa?

Sinceramente, acredito que a melhor tradução para o ato sexual entre duas pessoas que vivem juntas e que compartilham a mesma cama, a mesma mesa, enfim, o mesmo teto, seja a tradicional expressão fazer amor.

Então, se o que os casais desejam é, sobretudo, fazer amor, a resposta é óbvia! Ou seja, devemos fazer amor em todos os sentidos, em todas as suas possibilidades. Não dá para pensar num amor que teima em aparecer somente no quarto, somente sem roupa, quando o que se espera são beijos, carícias, entrega, confiança, desejo, atração, cheiro, gosto, toque, sussurros e, de preferência, prazer! Não dá para fazer amor com uma pessoa durante 30 minutos ou uma hora se, durante o resto das 23 horas do dia, o que se consegue ter com ela são discussões, desconfianças, críticas, grosserias ou, o que ao meu ver é ainda pior, um silêncio cortante e esmagador, uma ausência absoluta de afeto. Enfim, não há tesão que resista à indiferença, à falta de companheirismo, compreensão e paciência, muita paciência!!! Então, o que fazer? Desistir? Começar de novo? Sair com outra pessoa? Ou investir de verdade nesta relação e se dar uma nova chance?

Estou certa de que cada um tem a melhor resposta para si mesmo, mas a minha sugestão é que homens e mulheres comprometidos decidam, de fato, se comprometerem. Primeiro consigo mesmos, com seus conceitos e com o que esperam de suas relações. E depois, que possam se comprometer com seus parceiros, propondo uma nova maneira de amar.
Isto é, que os casais compreendam que o ato sexual é conseqüência de uma série de outros atos; que a qualidade do sexo está diretamente relacionada com a qualidade que se tem em todos os outros setores do relacionamento, tais como respeito, admiração, confiança, entre outros já citados. Portanto, para conquistar (ou reconquistar) um relacionamento sexual satisfatório, prazeroso e intenso, é necessário (é absolutamente imprescindível) que os envolvidos invistam, primeiro, nas demais áreas da relação.

Elogios, convites para passeios a dois, comentários que elevam a auto-estima e a autoconfiança da pessoa amada, colaboração mútua, companheirismo, troca de idéias, diálogo (muito diálogo) e transparência são alguns dos mais importantes ingredientes para que se possa obter um relacionamento saudável. Tente ser o mais verdadeiro possível, expondo os seus medos, as suas inseguranças, os seus sentimentos mais profundos. Crie uma atmosfera amigável e dê o melhor de si. Comporte-se como um autêntico Don Juan ou como uma adorável sedutora e garanta o sucesso do seu amor.

E quando você titubear, com medo de sofrer, de quebrar a cara ou de ser passado como tonto, lembre-se que a vida é um risco. Saiba que o amor é um grande risco. Mas que se você nunca correr este risco, poderá ter apenas uma certeza: a de nunca experimentar a plenitude do amor.

Por outro lado, se você decidir arriscar, decidir investir no amor trazendo à tona tudo o que há de mais singelo e verdadeiro dentro de você, correrá um outro sério e provável risco: o de descobrir que pode ser amado e pode amar muito mais do que imaginou um dia e que, por conta disso, pode ser muito, muito mais feliz!!! A escolha é sempre sua.


segunda-feira, 12 de março de 2012

Por que os relacionamentos terminam?

Ailton Amélio da Silva é doutor em Psicologia, psicólogo, psicoterapeuta e professor da USP, em São Paulo (SP). É autor de vários estudos científicos sobre relacionamentos amorosos e dos livros "O Mapa do Amor", "Para Viver um Grande Amor" e o mais recente "Relacionamento Amoroso: Como Encontrar Sua Metade Ideal e Cuidar Dela".

Um relacionamento amoroso existe enquanto os parceiros correspondem às iniciativas amorosas mútuas. Esse tipo de relacionamento pode terminar em qualquer ponto do seu percurso: desde o seu início, quando um flerte deixa de ser correspondido, até a separação de um casamento.
Neste artigo vamos examinar quatro dos principais fatores que contribuem para o fim de relacionamentos já estabelecidos: esvaziamento do relacionamento, alternativas mais atraentes, brigas e desconfiança.
Esvaziamento do relacionamento
Na maior parte dos relacionamentos duradouros, infelizmente, à medida em que o tempo vai passando vai acontecendo uma diminuição do interesse pelo parceiro. Essa diminuição é manifestada de diversas formas como, por exemplo, menos motivação para conversar, menos atração romântica e menos desejo sexual pelo parceiro. Ou seja, o relacionamento vai se esvaziando daquela importância que já teve anteriormente. Um relacionamento vazio é aquele cujos custos e benefícios produzidos pelos parceiros se tornaram mínimos. Muitas vezes esse esvaziamento é mais acentuado para apenas um dos parceiros.
Três mecanismos principais são responsáveis por esse tipo de esvaziamento: diminuição da novidade, repetição exagerada de padrões de comportamentos e mudanças que afastam os parceiros. Vamos examinar agora esses mecanismos.



Diminuição da novidade
A novidade é mais estimulante do que aquilo que é conhecido. Por exemplo, quando entramos na nossa casa e um tapete que sempre esteve no hall de entrada foi retirado sem que soubéssemos ou um quadro que sempre esteve na parede do corredor desapareceu, isso chama a nossa atenção. No entanto, se tudo está no mesmo lugar, nem pensamos nisso. Mesmo fatos importantes que já são rotineiros não chamam a nossa atenção. Por exemplo, raramente a água que jorra quando abrimos a torneira ou a luz que se acende quando acionamos o interruptor chamam a nossa atenção. No entanto, quando abrimos a torneira ou acionamos o interruptor e não sai água e a luz não se acende, aí sim, toda a nossa atenção é despertada.

No início do relacionamento existe muita novidade. Não conhecemos o parceiro ou pelo menos não o conhecemos como parceiro amoroso. Quando não conhecemos alguém que é importante para nós, ficamos muito atentos às suas reações e tentamos aprender como agir com ele.
O sexo é um caso típico, em que o efeito novidade é muito notado. Uma nova parceira ou mesmo uma nova prática sexual que era desejada, mas que nunca foi praticada devido à inibição, pode provocar muita excitação. Essas novidades também podem tornar-se rotineiras e perderem boa parte de suas excitações iniciais.
Será, então, que o relacionamento amoroso está fadado à perda de interesse? Não creio. Vamos examinar agora como as mudanças naturais que ocorrem conosco podem garantir variabilidade suficiente para que o relacionamento continue estimulante e interessante.
Excesso de rotina esvazia o relacionamento
Um dos principais motivos do esvaziamento dos relacionamentos é a repetição daquelas formas de agir que deram certo e a evitação de novas formas de agir devido ao medo ou à preguiça de tentar algo novo. Isso produz um “engessamento” no relacionamento.
O relacionamento precisa estar vivo para ter qualidade e durar. Um relacionamento vivo é aquele que varia. Para que essa variação aconteça, não é necessário se programar para fazer coisas diferentes. Por exemplo, não é necessário esforçar-se em fazer sexo em mil locais diferentes, aprender quinhentas posições sexuais ou aprender a fazer streap tease. Tudo é muito bom quando é fruto das variações naturais do desejo e não produto do esforço deliberado e descontextualizado.
As variações naturais já garantem um bom grau de variação no relacionamento. Basta expressar um pouco mais aquelas mudanças que ocorrem conosco. Algumas mudanças ocorrem de um momento para outro e outras demoram anos para ocorrer. Por exemplo, as nossas motivações, humores e emoções se alteram bastante no decorrer de um único dia. Aprendemos e modificamos nossas percepções e comportamentos em decorrência dos nossos sucessos e fracassos.
À medida que deixamos de comunicar essas mudanças para o parceiro, devido ao medo de desagradá-lo ou perdê-lo, vamos ficando monótonos, falsos e chatos. Embora a omissão de mudanças possa ser mais segura à curto prazo para não perder o parceiro, ela aumenta as chances de perdê-lo à médio e longo prazo, porque a mesmice mata o relacionamento.
Mudanças que afastam os parceiros
Com o passar dos anos, geralmente alteramos aquilo que valorizamos em um parceiro e, simultaneamente, também alteramos aquilo somos. É possível que essas duas alterações façam com que parceiros que inicialmente atendiam as expectativas mútuas deixem de atendê-las. Por exemplo, aos vinte anos, quando se conheceram, Mariana admirava os cabelos rebeldes e compridos de Bruno e a sua animação para as baladas. Com o passar dos anos, Mariana começou a admirar cada vez mais as pessoas que tinham realização econômica e uma aparência mais clássica. Bruno continuou com o seu estilo rebelde e “baladeiro”. Mariana agora dizia que ele era um “eterno adolescente”. Ele, por sua vez, dizia que ela tinha ficado velha precocemente e tinha virado uma consumista que dava muita importância ao status. Não mais se admiravam.
Alternativas mais atraentes
Sempre há o risco de aparecer algo fora do relacionamento que seja mais atraente ou menos incômodo do que aquilo que existe nele. Esses dois fenômenos foram bem captados palas afirmações que dão título para os dois tópicos abaixo.
• “O ótimo é inimigo do bom”
Essa afirmação faz todo o sentido. No caso do relacionamento amoroso, ela geralmente faz referência à presença de um rival: mesmo quando estamos em um bom relacionamento, ainda assim existe o risco de o parceiro, ou nós mesmos, achar alguém que seja muito mais atraente do que a companhia atual. Segundo um estudo publicado em 1989 pela antropóloga Laura Betzig, a traição era a principal causa da separação, na época que esse estudo foi realizado.
Todo relacionamento amoroso corre o risco de terminar quando uma terceira pessoa desperta fortemente o amor romântico ou o apetite sexual em um dos parceiros. Esse risco é maior quando não existem barreiras internas fortes contra a traição. Mesmo quando não há traição sexual, o amor por uma terceira pessoa provoca o esvaziamento do relacionamento atual: esse envolvimento tira a energia do relacionamento pré-existente.
Muitas vezes a intensidade do envolvimento com essa terceira pessoa pode não ser suficiente para causar a separação. No entanto, esse envolvimento pode produzir outro tipo de perigo: o parceiro que está sendo traído pode tomar conhecimento do que está acontecendo e precipitar a separação.
• “Antes só que mal acompanhado”
Muitas vezes o relacionamento termina porque ficar só é melhor que ficar em um relacionamento ruim. Isso acontece quando os custos proporcionados pelo relacionamento superam os seus benefícios durante muito tempo. Esse balanço desfavorável acontece quando os ganhos diminuem (esvaziamento do relacionamento, a aparência piorou muito, os ganhos sociais e econômicos diminuíram) ou os custos aumentam (brigas, trabalhos, responsabilidades).

quarta-feira, 7 de março de 2012

Viuvez Feminina

Por: Cecília Casali Oliveira Nascida em S. Paulo/SP, onde mora e trabalha. Formada pela Faculdade de Psicologia da PUC/SP. Mestre pelo Núcleo de Família e Comunidade do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica da PUC/SP; Especialização em Psicopatologia e Psicoterapia Psicanalíticas, pelo Instituto Sedes Sapientiae; Especialização em Psicoterapia de Adolescentes e Adultos, pelo NEPP - Núcleo de Estudos em Psicologia e Psiquiatria; Graduação pela Faculdade de Psicologia da PUC/SP; Consultora Associada na Delfos Previne - Prevenção em saúde mental, desde 1996.

Subitamente você se vê sem seu parceiro de vida. O mundo parece não fazer mais sentido, a dor é intensa. Você sente o mundo estranho, pensa e faz coisas pouco comuns, seus sentimentos estão conturbados. A expressão viúva a incomoda e magoa, não é com você. As pessoas parecem não entender muito bem o que você está vivendo. Talvez também pense que não pode deixar as pessoas perceberem seus verdadeiros sentimentos.

Você imagina que não vai suportar ou que está ficando louca. Tudo isso é normal, você está vivendo uma das situações mais estressantes da vida: tornar-se viúva é um processo profundamente sofrido e lento que ocupa todas suas energias.      Algumas queixas são frequentes entre as mulheres que enfrentam essa situação e devem ser compreendidas como resultado do sofrimento causado pela perda do marido, junto à insegurança e às exigências que a acompanham. É o início de um processo de mudança que leva a mulher a se tornar outra coisa que não mais a esposa.

         Pensar no marido quase o tempo todo, ver-se desinteressada pelo que antes era habitual; às vezes até seguir a rotina parece ser estafante e inútil. Ficar inquieta, procurar alguma atividade que a distraia, mas não conseguindo se concentrar em nenhuma atividade. Perder ou esquecer coisas com freqüência, não se lembrar de datas, sentir-se fora do rumo. Às vezes existem queixas de dores, alteração do sono, descuido ou excesso na alimentação, Sentir uma saudade profunda e, por breves momentos, imaginá-lo de volta em sua vida. Aquele som na porta não é ele chegando? Algumas mulheres chegam a experimentar a presença física ou espiritual dos maridos nesse período, outras sonham com eles e sentem-se confortadas por isso. Também é normal sentir raiva: do destino, das pessoas, dele, de você mesma, de tudo que está acontecendo.

Filhos ficam sendo uma responsabilidade só da mãe; se pequenos até distraem mas também exigem muita atenção. Além disso há a preocupação sobre o que dizer, como fazer para que os filhos não sofram tanto quanto a mãe. Partilhar a saudade com eles e falar do pai é importante para que saibam que não foi esquecido e que não são só elas que sentem falta. É como manter o lugar do pai em seus corações, mesmo que ele não esteja mais presente fisicamente.  Se os filhos são mais velhos estão tocando a própria vida e parecem não poder se ocupar tanto da mãe; sua casa fica ainda mais vazia... Quando estão presentes parecem esperar mais da mãe do que antes; eles também estão de luto. Não sabem se devem falar do pai ou se é bom ou não quando a mãe chora. Muitas vezes entendemos que chorar é uma coisa que não deve acontecer, mesmo se temos boas razões para isso. Chorar  é bom pois, mesmo que seja sinal de sofrimento, é também uma forma de se aliviar, de lembrar e de curar a dor. Divida seus sentimentos com eles, ouça-os  e fale de você mesma.

Muitas mulheres relatam um desencontro entre elas e as pessoas que a cercam. Os amigos são um conforto mas também trazem dificuldades. São diferentes opiniões e expectativas que fazem a viúva sentir-se estranha; amigos são importantes, mas suas sugestões muitas vezes não servem, os consolos são inúteis ou a irritam... Alguns não falam e não a deixam falar do marido, achando que isso vai trazer sofrimento; outros não aguentam ver o choro, não sabem o que fazer. Algumas pessoas até se afastam da viúva pela confusão sentimentos que seu luto provoca e também pelo medo de se imaginar no seu lugar. A viúva parece ser a única pessoa avulsa no mundo. Tudo parece muito mais difícil

Outras pessoas cobram da viúva uma recuperação que ela não sente, mesmo  passado algum tempo da morte do marido. A vida continua, mas para a viúva a saudade ainda é muito forte, existem as dificuldades financeiras, as novas experiências, desafios de toda espécie; toda sua vida mudou. Tudo parece ser muito recente, é preciso mais tempo para ajustar-se. A viuvez obriga a enfrentar uma transição em que a principal tarefa  é construir uma outra identidade: a de mulher só. Não é nem melhor nem pior é só outra identidade.


segunda-feira, 5 de março de 2012

PAIS SEPARADOS



Lidar com o ex marido  quando se  tem filhos pode ser muito difícil, especialmente quando  emoções negativas estão envolvidas devido a separação.

Ser  pai  ou mãe significa  colocar os interesses dos filhos acima dos seus próprios interesses, e isso quer dizer encontrar um jeito de  construir um relacionamento cordial com seu ex,  para que os dois continuem sendo os pais que o seu filho estava acostumado a ter.

Afinal em uma separação existe ex-esposa, ex-marido, porém não existe ex-filho. Por isso engula o orgulho ou a tristeza e pense no seu filho, pois os dois lados terão que ceder em algo em favor do bem estar da criança.

O seu ex pode estar receptivo ou não a iniciar este novo relacionamento, porém independente dele, você pode começar.
Adotando essas dicas, a longo prazo, você verá os frutos, pois o seu filho vai admirá-la  ao lembrar como você portou-se com classe,  dignidade e respeito diante de uma situação tão dolorosa e delicada.
Assim, mesmo que seja duro, difícil, sente-se com seu ex e juntos definam quais serão os limites e privilégios nesse relacionamento. Aqui vão algumas dicas que lhe ajudarão.
O que não fazer:
- Nunca sabotar o relacionamento do seu filho com o pai.
- Nunca use seu filho como um objeto para ferir seu ex.
- Nunca use seu filho para manipular e ingluenciar seu ex.
- Nunca transfira mágoas ou frustrações do seu ex para seu filho.
- Nunca obrigue seu filho a escolher um lado
- Nunca transforme eventos em família em situações de tensão
- Nunca fale mal do seu ex para o seu filho
- Nunca use seu filho para desabafar, ele não é um adulto
- Não amenize a tristeza da separação enchendo seu filho de presentes
Há duas regras importantes a respeito dos filhos em períodos de crise e instabilidade na família:
1 - Não os sobrecarregue com situações que eles não possam controlar.
2 - Jamais peça que seus filhos tratem de questões que dizem respeito aos adultos. As crianças não estão preparadas para compreender e solucionar os problemas dos adultos.
O que fazer:
- Comprometa-se com seu ex de, em nenhuma hipótese, desacreditar o outro na frente do filho e proibir que os filhos refiram-se de forma desrespeitosa ao pai ou vice-versa,
– Sente-se com seu ex e comprometam-se em deixar as diferenças de lado e concentar apenas nas necessidades dos filhos,
- Negocie e entre em acordo como será o procedimento para os dias de visita, feriados, aniversários, eventos, viagens, etc,
- Tracem de comum acordo, regras de disciplina e educação para que os filhos tenham clareza, quer estejam na casa da mão ou do pai,
- Comunique-se ativamente com seu ex sobre todas as questões relativas ao desenvolvimento dos filhos,
- Estejam atentos porque os filhos testarão os limites e as regras, bem como tentarão obter vantagens, e depois chegarão em casa com a fala  “Na casa do meu Pai eu posso fazer o que eu quiser “,
- Antes de sair tirando conclusões apressadas e tomando partido, sempre converse antes com o seu ex para apurar o acontecido,
- Embora possa ser emocionalmente doloroso, certifique-se de que, tanto você quanto o seu ex coloque o outro a par de qualquer alteração que houver, para que jamais o outro tenha que receber as notícias pelo filho. Filho não deve ser usado como mensageiro,
- Empenhe-se sempre em manter o controle emocional
Tomando esses pequenos cuidados você estará minimizando os efeitos emocionais que a separação causa nos seus filhos.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Conversando sobre sexo...

Por Eda Fagundes é psicóloga clínica. Atua há 25 anos na área de terapia individual, de casal e de família. Há 17 anos também atende pacientes com assuntos voltados à sexualidade e seus transtornos. É proprietária do Centro de Psicologia Clínica e Preventiva, no Rio de Janeiro.

A sexualidade tem sido motivo de grande interesse e cercada de grandes mistérios e aromas de pecado e prazer. Somente do final da década de 1950 e início da de 1960, começaram a proliferar estudos acadêmicos e científicos a respeito da sexualidade humana. A ideia do sexo foi se distanciando cada vez mais da associação com seus aspectos biológicos e reprodutivos, e começou um interesse crescente por seus aspectos prazerosos, o que acabou gerando um grande questionamento sobre a repressão sexual e seu contexto. Esse movimento culminou numa grande revolução sexual. Em 50 anos, os conceitos sobre sexualidade mudaram numa proporção assustadora. Infelizmente, precisamos reconhecer que o assunto ainda é cercado de certo constrangimento, preconceito e muito, mas muito medo.





Começando essa série, escolhi abordar primeiro as diferenças entre a sexualidade masculina e a feminina. A ideia de igualdade que a emancipação feminina precisou mirar como alvo precisa cada vez mais ceder espaço à percepção das diferenças como porções complementares e, portanto, sem nenhum caráter de melhor ou pior, superior ou inferior, certo ou errado.





A fisiologia da sexualidade masculina privilegia os sentidos. Poucos estímulos podem levar um homem a um grau de excitação pré-orgasmo em apenas alguns segundos. Existe uma prontidão fisiológica e anatômica que privilegiam a obtenção do orgasmo masculino.

A fisiologia da sexualidade feminina privilegia aspectos mais abstratos e subjetivos, tais como fantasias de envolvimento amoroso ardente. O processo de excitação demora mais para acontecer, precisando de muito mais estímulos do que o processo masculino.

Claro que estamos generalizando. Existem milhões de nuances, tons e matizes nesses padrões, mas, sem dúvida, isso retrata uma maioria de pessoas de nossa cultura. Parece que estou falando o óbvio, mas, sério mesmo, fico impressionada com a quantidade de queixas que ouço de mulheres em relação ao despreparo ou falta de interesse dos homens no prazer da parceira. Claro que as mulheres são agentes atuantes nesse processo. Podem e devem comunicar seus parceiros suas necessidades e desejos.

A primeira barreira que podemos romper rumo a viver uma sexualidade plena e saudável é a reflexão e reconhecimento de que o assunto precisa deixar de ser tabu e passar a ser conversado entre os casais com mais naturalidade.

Culturalmente somos uma sociedade que foi, durante muito tempo, levada a olhar as questões relacionadas a sexo como algo errado, sujo, pecaminoso e, portanto, precisa ser escondido, não se pode falar, assunto tabu. Apesar de muitos não pensarem dessa forma, a desconstrução total de dogmas culturais levam um bom tempo para se consolidarem de forma definitiva.

Por isso, é preciso que comecemos a falar mais sobre o assunto para desmistificá-lo. Quem ajuda?