sexta-feira, 2 de março de 2012

Conversando sobre sexo...

Por Eda Fagundes é psicóloga clínica. Atua há 25 anos na área de terapia individual, de casal e de família. Há 17 anos também atende pacientes com assuntos voltados à sexualidade e seus transtornos. É proprietária do Centro de Psicologia Clínica e Preventiva, no Rio de Janeiro.

A sexualidade tem sido motivo de grande interesse e cercada de grandes mistérios e aromas de pecado e prazer. Somente do final da década de 1950 e início da de 1960, começaram a proliferar estudos acadêmicos e científicos a respeito da sexualidade humana. A ideia do sexo foi se distanciando cada vez mais da associação com seus aspectos biológicos e reprodutivos, e começou um interesse crescente por seus aspectos prazerosos, o que acabou gerando um grande questionamento sobre a repressão sexual e seu contexto. Esse movimento culminou numa grande revolução sexual. Em 50 anos, os conceitos sobre sexualidade mudaram numa proporção assustadora. Infelizmente, precisamos reconhecer que o assunto ainda é cercado de certo constrangimento, preconceito e muito, mas muito medo.





Começando essa série, escolhi abordar primeiro as diferenças entre a sexualidade masculina e a feminina. A ideia de igualdade que a emancipação feminina precisou mirar como alvo precisa cada vez mais ceder espaço à percepção das diferenças como porções complementares e, portanto, sem nenhum caráter de melhor ou pior, superior ou inferior, certo ou errado.





A fisiologia da sexualidade masculina privilegia os sentidos. Poucos estímulos podem levar um homem a um grau de excitação pré-orgasmo em apenas alguns segundos. Existe uma prontidão fisiológica e anatômica que privilegiam a obtenção do orgasmo masculino.

A fisiologia da sexualidade feminina privilegia aspectos mais abstratos e subjetivos, tais como fantasias de envolvimento amoroso ardente. O processo de excitação demora mais para acontecer, precisando de muito mais estímulos do que o processo masculino.

Claro que estamos generalizando. Existem milhões de nuances, tons e matizes nesses padrões, mas, sem dúvida, isso retrata uma maioria de pessoas de nossa cultura. Parece que estou falando o óbvio, mas, sério mesmo, fico impressionada com a quantidade de queixas que ouço de mulheres em relação ao despreparo ou falta de interesse dos homens no prazer da parceira. Claro que as mulheres são agentes atuantes nesse processo. Podem e devem comunicar seus parceiros suas necessidades e desejos.

A primeira barreira que podemos romper rumo a viver uma sexualidade plena e saudável é a reflexão e reconhecimento de que o assunto precisa deixar de ser tabu e passar a ser conversado entre os casais com mais naturalidade.

Culturalmente somos uma sociedade que foi, durante muito tempo, levada a olhar as questões relacionadas a sexo como algo errado, sujo, pecaminoso e, portanto, precisa ser escondido, não se pode falar, assunto tabu. Apesar de muitos não pensarem dessa forma, a desconstrução total de dogmas culturais levam um bom tempo para se consolidarem de forma definitiva.

Por isso, é preciso que comecemos a falar mais sobre o assunto para desmistificá-lo. Quem ajuda?

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